AKEL: Sumário Histórico e Principais Características Políticas
Fundação: AKEL, o Partido Progressista do Povo Trabalhador, realizou o seu Congresso fundador em 14 de abril de 1941, sucedendo ao Partido Comunista do Chipre PCC fundado em 1926.
O PCC nasceu da necessidade histórica dos tempos e das condições sociais. O PCC como o partido político da classe operária, baseado nos princípios marxistas-leninistas lutou heroicamente na ilegalidade e, apesar de uma feroz perseguição, dirigiu a luta pela libertação do jugo colonial britânico, pelas exigências sociais, políticas e económicas do povo trabalhador, independentemente de nacionalidade, origem e religião.
Seguindo o apelo do PCC, 60 cipriotas antifascistas lutaram na Guerra Civil espanhola contra o fascismo de Franco, tendo 15 deles sacrificado as suas vidas.
AKEL: O partido da classe operária cipriota
A criação do AKEL em Abril de 1941 expressou a necessidade de uma expressão jurídica da luta do povo cipriota em todas as frentes. Na sequência de um apelo lançado em 1943, milhares de membros do AKEL e antifascistas uniram-se na luta contra o fascismo de Hitler. Durante os seus 92 anos de lutas, o PCC-AKEL tem sido um partido de classe que une toda a classe trabalhadora cipriota, cipriotas gregos, cipriotas turcos, maronitas, arménios e latinos. Desempenhou um papel fundamental na criação dos primeiros sindicatos de classe e no desenvolvimento do amplo Movimento Popular de Esquerda, forjando laços sólidos entre os trabalhadores e o AKEL.
AKEL e o Problema Cipriota
O AKEL discordou da luta armada da organização nacionalista EOKA 1955-1959, antes apoiando uma luta política de massas e organizada numa frente anti-imperialista conjunta de cipriotas gregos e turcos. Muitos camaradas cipriotas gregos e cipriotas turcos foram assassinados pela extrema-direita numa tentativa de esmagar a Esquerda e impor a política imperialista de “dividir para reinar”.
Após a declaração da independência acorrentada do Chipre em 1960, o AKEL lutou para defender a democracia, a independência e a integridade territorial da República do Chipre das constantes conspirações e intervenções estrangeiras que culminaram, em Julho de 1974, com o golpe de estado fascista engendrado pela CIA da junta militar grega e da organização terrorista fascista EOKA B, e a subsequente invasão turca e ocupação de 40% do território da República do Chipre. Muitos membros e apoiantes do AKEL sacrificaram as suas vidas em defesa da democracia e da independência do Chipre. Desde 1974 o AKEL tem-se esforçado para pôr fim à ocupação turca e pela reunificação do Chipre e do nosso povo. Ao mesmo tempo, o AKEL tem intensificado o seu trabalho pela aproximação dos Cipriotas Gregos e Cipriotas Turcos, considerando-o indispensável para a implementação de uma futura solução ao Problema Cipriota, objectivo que continua até os dias de hoje.
O AKEL luta por uma solução pacífica, duradoura e viável baseada no Direito Internacional, nas Resoluções da ONU e nos Acordos de Alto Nível, no âmbito da ONU; por um Estado unido numa federação bicomunal e bizonal, com uma única soberania, uma única personalidade internacional e uma única cidadania, com os direitos humanos e liberdades fundamentais de todos os cipriotas garantidos.
O AKEL apoia o desmantelamento das bases estrangeiras no Chipre e a desmilitarização da ilha, embora o objetivo principal agora seja o fim da ocupação.
AKEL – uma força política nacional de massas
AKEL conseguiu rejuvenescer-se, modernizando as suas abordagens políticas e ideológicas e ampliando ainda mais a democracia interna do partido, conservando a sua natureza e identidade marxista-leninista, sem nunca abandonar princípios e valores fundamentais.
A política de alianças políticas
Tendo em conta as condições concretas do Chipre, o estádio actual da luta, a tarefa principal e a necessidade urgente de uma solução, o AKEL sempre tem seguido uma política de forjar amplas alianças com forças patrióticas e democráticas em torno de objectivos de curto e médio prazo. Apoiando ou participando em governos de coligação, mas também na oposição, o principal objetivo do AKEL tem sido a sua contribuição decisiva para a solução do problema do Chipre baseada em princípios e salvaguardando e defendendo os direitos e conquistas democráticas e socio-económicas dos trabalhadores.
O AKEL considera que a sua política de amplas alianças não contradiz o seu carácter ideológico e o objectivo final de transformação socialista da sociedade cipriota. Pelo contrário, torna esta perspectiva mais próxima.
A eleição de Demetris Christofias à Presidência da República do Chipre.
Em 2007 o AKEL tomou a decisão histórica, pela primeira vez desde a independência de 1960, de apoiar o seu próprio candidato, o seu Secretário-geral na altura, Demetris Christofias, nas eleições presidenciais de 2008. A sua eleição com 53,3% dos votos na segunda volta foi de importância histórica para o Partido. O principal e primordial objectivo foi a defesa de uma solução justa para o problema do Chipre com base em princípios. Além disso, o AKEL procurou também a defesa de uma sociedade mais justa, implementando um programa político progressista mais amplo. Foram alcançadas conquistas importantes sobre o problema do Chipre, com as convergências registadas nas negociações e na implementação de uma política externa multifacetada, juntamente com uma vasta política socio-económica em prol do povo. Pela primeira vez foram ameaçados os privilégios e interesses dominantes. Como resultado, começou um ataque feroz a todos os níveis contra Christofias e o AKEL.
As consequências da crise capitalista e os dois termos de um governo de direita
O AKEL e o governo de Christofias não lançaram o peso da crise nas costas dos trabalhadores, ao contrário de outros governos e do novo governo de direita, eleito em 2013 e releito em 2018. Enquanto o AKEL e Christofias resistiram às privatizações, à desregulamentação das relações laborais, à abolição dos direitos e conquistas dos trabalhadores, cortes selvagens na política social, nos salários e benefícios, o governo da direita está a impo-los. Em plena consonância com os ditames da Troika e da UE, a Direita começou por impôr um “bail-in” sem precedentes sobre os depósitos bancários. Embora a Direita esteja a “festejar” uma saída formal do Chipre do Memorando, a verdade é que as políticas de austeridade de cortes, privatizações e desregulamentações estão longe de acabar; muito pelo contrário, elas continuam com maior intensidade e mais consequências socio-económicas devastadoras. O AKEL e o Movimento Popular de Esquerda desenvolvem o papel principal na mobilização e defesa militante dos direitos e conquistas sociais dos trabalhadores que estão sob ataque feroz com as decisões do governo da Troika-Anastasiades.
O segundo termo de uma Presidência de direita leva
ao aprofundar da implementação de políticas neo-liberais, como a privatização do movimento Cooperativo, que fora nacionalizado em 2013, por forma a devolvê-los aos proprietários.
AKEL e as recentes eleições
Num clima político e económico adverso caracterizado pelo cultivo diário deliberado levado a cabo por certos círculos de apatia, despolitização, ausência de verdadeiro debate político sobre posições e propostas, bem como um frenesim desenfreado anti-AKEL e anti-comunista, o AKEL tem participado nas eleições dos anos recentes conseguindo manter o seu papel como força de oposição dominante, embora tenha tido perdas significativas, em particular nas eleições legislativas de 2016.
Ano | Eleições | Resultados |
2016 | Legislativas
(próximas em 2021) |
25.67 (-7.1%) / 16 assentos (-3) |
2016 | Locais (próximas em 2021) | 14 Presidentes de Câmara eleitos em 39 Municípios.
Eleição do candidato do AKEL para a Presidência da União dos Municípios do Chipre. |
2018 | Presidenciais (próximas em 2023)
AKEL apoiu a candidatura independente de Stavros Malas, sendo o único partido que o apoiou em ambas voltas. (Chipre tem um sistema presidencial) |
1ª Volta: Stavros Malas atingiu os 30,24% e passou à 2ª Volta.
2ª Round: Stavros Malas atingiu 44,01% versus os 55,99% do candidato da direita Nicos Anastasiades que foi re-eleito para um segundo mandato.
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Departamento Internacional do AKEL
Julho de 2016
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